sexta-feira, 4 de agosto de 2017

BRASIL: Enquanto houver quem se venda, haverá quem "passe a mão"



Quando era adolescente ouvia Cazuza cantar “Brasil, mostra tua cara”. Hoje não temos mais cara, não temos mais vergonha, nossa dignidade foi lançada ao chão! Nossas maiores mazelas estão postas e expostas de um modo vil e tremendamente cruel.

A classe política que deveria ser a mola propulsora de um país desenvolvido, age de modo a lançar na lama a honra de um povo de bem, que vive muito mal, fazendo com que aqui seja o país do carnaval, mas com certeza, não seja o meu país (parafraseando o saudoso poeta Livardo Alves).

Nos últimos dias o maior símbolo da imoralidade política desse país é um cidadão exibicionista, machista e bajulador, que fez uma tatuagem - se definitiva ou provisória, pouco importa - que acentuou ainda mais a mancha podre na cara dessa nação. Sua tatuagem tinha uma única função: provar sua babonice ao Presidente da República.

Esse senhor, depois de passar o final de semana reverberando fidelidade e sua condição de “corcoran”, deu a mais pura demonstração de que realmente, Brasília é uma corte, mas que o bobo é o povo brasileiro. Que nesse circo de horrores, poucos realmente se importam com a nossa “pátria amada”.

A tatuagem, o discurso eivado de arrogância contra outros da mesma classe e muitos da mesma laia, suas frases machistas ao pedir um “nude” a uma mulher, via WhatsApp, são na verdade a “bunda” exposta do nosso país.

Não sei se a interlocutora do “corcoran” mandou o nude que ele pediu, mas uma coisa eu sei: NOSSA BUNDA ESTÁ EXPOSTA...

... nos hospitais sucateados, nas filas do INSS, numa reforma que só deforma a classe trabalhadora;
... naquela privataria que já esqueceram, mas que a muitos enriqueceu;
... no mensalão de Brasília e em tantos outros, nos “Brasis” dessa terra “Brasilis”;
... no sítio de Atibaia, em um triplex que é de todo mundo, menos de quem se fez dono;
... na liberdade de quem descaradamente praticou corrupção passiva ou ativamente;
... em uma justiça que é pra preto e pobre, mas não pra o “filhinho da mamãe” ou do “papai”;
... nas mortes por balas “perdidas” nas ruas e favelas desse país;
... nos conchavos, nos acordos, na calada das noites;
... no trabalho escravo patrocinado por gente que finge ser de bem;
... no silêncio condizente de quem deveria gritar e prefere calar.

Nossa bunda está exposta no SIM e no NÃO que foram dados em Brasília. O que muda é apenas o ângulo da exposição

Nossa gente não aguenta mais uma classe política que mente, engana, se locupleta da coisa pública, se engalfinha, se ataca, se beija, se ama e a cada instante desonra cruelmente um povo que trabalha de sol a sol, em busca de pão. Mentira!

Nossa gente adora essa exposição! Nossa gente adora se “vender” por qualquer preço, seja uma pepita de ouro ou pedaço de pão. Ano que vem é ano de eleição e nossa gente vai mais uma vez, mostrar a bunda e deixar passar a mão!

Enquanto houver quem se venda, haverá quem prefira pagar pelo direito de continuar “passando a mão”.




Ricardo Caco Pereira

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