Nessa quarta-feira (27) após
postar link de uma matéria do Portal Primeiras Notícias, o jornalista Carlos Hierro
foi criticado por alguns integrantes de um grupo do aplicativo WhatsApp. Trocas
de ofensas aconteceram. Mas em determinado momento, um dos integrantes, partiu
para ameaças e intimidação. Entenda o caso lendo a matéria no Primeiras Notícias.
O caso envolvendo o jornalista
traz à memória um triste histórico do nosso Estado no que diz respeito a
liberdade de imprensa. Alguns questionamentos cheios de tristeza e angústia me
veem à mente.
Até quando teremos notícias
acerca de ataques, ameaças, agressões, intimidações, ofensas, demissões
injustas e até assassinatos de profissionais da imprensa? Até quando os
coronéis, senhores da lei e sem lei, continuarão mandando e desmandando? Até
quando eles permanecerão agindo como se fossem o que não lhes foi dado?
Em 2015 tivemos tiro no
portão, tiro no carro, soco na cara, invasão, emissora de rádio incendiada,
demissões “estranhas”, ameaças e até assassinato. O novo ano já começou com xingamento
vil, intimidação e tom de ameaça ao colega Carlos Hierro. E repito a pergunta: ATÉ
QUANDO?
Até quando o poder público vai
agir morosamente? Até quando os “senhores do destino” permanecerão impunes,
achando que têm o direito de continuar açoitando, intimidando, violando a
liberdade, “tocando o terror”?
Até quando teremos notícias de
colegas que foram demitidos de empresas de comunicação por terem ofendido algum
“reizinho” egocêntrico que imagina ter outro rei na barriga e com isso, pensa
ser uma espécie de deus?
Vivemos na imprensa paraibana sob
regime de aflição e pavor. As “leis da mordaça e do medo” parecem imperar. Ao
que se dá a entender, para muitos, “se não resolve com dinheiro, vamos ao cacete!”;
Predomina a intolerância.
Será que essa “lei do medo”
que mantém muitos – inclusive profissionais de imprensa - em silêncio, é na
verdade “lei de Gerson” e alguém tem levado alguma vantagem nesse silêncio
imperioso? Será que a consciência de muitos tem sido comprada a ponto de calar
os ideais nobres da comunicação?
Minhas perguntas são sim
eivadas de indignação. Não entendo porque em pouco menos de 24 horas se
descobre quem matou determinada figura e em mais de um ano, nada de se conclui
acerca da morte de Ivanildo. Afinal, somos ou não somos todos iguais? Ivanildo
é menos importante? Sua família não merece respostas?
Hierro foi agredido “apenas” via
celular. Será que esperarão que com ele ou com outro colega, as coisas tomem
proporções maiores? Será que precisaremos de outro Ivanildo?
Acho que falta em nós enquanto
imprensa um pouco mais de corporativismo. Não temos aquela identificação
necessária como categoria. Parafraseando meu amigo Paulo Neto, diria que
precisamos aprender com os advogados. Se você ataca um deles, toda a categoria
parte para cima, até mesmo os inimigos do ofendido, saem em sua defesa, pois
ali é a categoria sendo atacada. Eles movem céus e terras, mas defendem a
categoria. E sinceramente, vi poucos saindo em defesa de Hierro. E de verdade,
sei muito bem como ele se sentiu.
Creio que é momento de a API
se pronunciar. A categoria deve se unir.
Chegou a hora da recém-criada Associação de
Mídias Digitais (AMIDI) sair em defesa da classe. Essas associações têm
o dever de se pronunciar. E desejo sinceramente, publicar notas advindas delas.
Se todos os profissionais de
imprensa da Paraíba resolvessem protestar contra esses “senhores do destino”,
contra seus desmandos. Se todos nós começássemos a cobrar providências, se tivéssemos
coragem de arrancar as mordaças e falar sem medo ou apesar do medo, eles
perceberiam O PODER QUE SOMOS.
Hoje minha pauta era outra. Mas
a pauta do medo, da angústia, da tristeza, mudou meu caminho, tolheu a minha
acidez política e me fez sentir novamente e amargo sabor do pânico, da incerteza
sobre os próximos passos, da violação a primordial liberdade para um
jornalista, a liberdade de pensar e expressar o pensamento.
Falemos e busquemos a paz
resultante de uma necessária “guerra” contra os “senhores do destino”. Fujamos
da paz sem voz, pois já disse o poeta: paz sem voz, não é paz, é medo!
Solidarizo-me com Carlos Hierro. Saiba meu irmão, que sua dor também é minha. Lembro bem que outrora, você foi um dos primeiros a ser amigo!
Caco Pereira