Na
madrugada de hoje (23) fui surpreendido ao ouvir em um dos grupos de imprensa,
um áudio em que a prefeita do Conde, Márcia Lucena (PSB) fala sobre vagas na
Secretária de Educação. Se ouvirmos
atentamente, a gestora parece “dar satisfações” para um grupo de sete (vereadores).
“Inseri
todos vocês, além de vocês, um pouco os outros, que estão fora dos sete...
Tô
fazendo a lista de quantos cada um tem, com os nomes e os lugares aonde estão”.
Chama atenção ainda um trecho em que a prefeita deixa claro que não “pegou ninguém” que não estava nas
pastas (aparentemente de indicações de cada vereador). Márcia também deixa
claro que haverá um acompanhamento do trabalho e que os que não atenderem as
expectativas serão substituídos. E pede “encarecidamente” para que o grupo não
vá ao administrativo (provavelmente da secretaria) com o objetivo de remanejar.
Diz que é preciso deixar o pessoal trabalhar.
Já não
bastasse a “crise” em torno do carnaval e os blocos que reclamam a falta de
incentivo da prefeitura, a gestora teve que passar a manhã dando satisfações
acerca do áudio.
Conversei
com Márcia, que gentilmente enviou a seguinte declaração: “O áudio fala da determinação de
resguardar o espaço da administração pública. Não negocio cargos, apenas
reforço que acolhemos as pessoas indicadas, após uma avaliação feita por mim
pessoalmente dos currículos, afirmei que essas pessoas serão constantemente
avaliadas e se não cumprirem com a tarefa, serão substituídas. Me referi aos
cargos comissionados, de livre provimento para os quais escutei as lideranças
políticas e comunitárias. Mas essencialmente afirmo a importância de
desenvolvermos uma educação de qualidade no município e que se afastem da
administração pública e que as questões políticas devem ser tratadas
diretamente comigo e com o padre que é o chefe de gabinete. O que está no áudio
é o meu cuidado e o meu compromisso com a política de educação e a
administração pública”.
Tenho
algumas considerações a serem feitas com base no que foi dito no áudio e na
nota da prefeita, bem como nas suas declarações à imprensa no dia de hoje:
Fica evidente que ocorrem indicações e
acolhimento dessas para satisfazer aliados. É inegável que ocorre
um “acerto” para declinações de nomes aos cargos de confiança por parte dos aliados da
prefeita. Mas digam-me uma coisa: Quais postos de CONFIANÇA são dados a outras
pessoas que não os aliados? Sejam eles desde outrora ou de agora? Vejo como uma
tremenda hipocrisia ficarem bancando os indignados, os surpresos diante do
cenário em que uma prefeita contempla seus parceiros. O problema nessas
contemplações é se forem nomeadas pessoas incompetentes ou “fantasmas”. Mas no próprio áudio a gestora demonstra cuidado com isso.
A fala de Márcia atuou contra o discurso
muito purista da campanha – Durante a última eleição muito se falou
de novo jeito de governar, foi dito que agora seria diferente, que não
aconteceria o mesmo de antes. O áudio de Márcia acabou sendo usado para dizer
que a pureza não era tão pura assim. Eu particularmente, discordo dessa
abordagem, mas afirmo de modo simples: ela é resultado da arrogância de alguns
setores do ninho “girassolaico” no Conde. Percebam bem: ALGUNS!
É estranho o silêncio dos vereadores da
base da prefeita – Por que ninguém do “G7” se manifestou? Por
que não saíram em defesa de Márcia? Nenhuma nota de apoio? Nenhuma explicação?
Nada? Aliás, quem são os 7?
Tem traíra nesse mar de girassol – Se pararmos
um pouco para refletir, fica evidente que alguém do “G7” anda insatisfeito ao
ponto de tornar pública uma conversa estritamente privada, de um grupo que a
prefeita julga ou julgava confiável. Perceba que Márcia os trata como “queridos”
e fala o tempo inteiro em tom bastante ameno. Parece que ela não é tão querida
para alguém. Quem é o traíra? Quem vazou o áudio? Quem tem interesse em “queimar” a
prefeita? No "bloco" do Conde tem alguém usando máscara?
Márcia carece urgentemente, rever sua
articulação política – Desde meu primeiro contato com a gestora, a
vi como uma técnica, alguém que detecta um problema e vai tentar resolver.
Exatamente assim ela tem buscado fazer no Conde. Já disse e vou continuar
dizendo que ela vai cometer erros, se perder no caminho em algum momento, mas
que provavelmente vai acertar e que tem tudo para fazer um bom governo. Contudo,
uma coisa é evidente: O ASPECTO POLÍTICO
DO GOVERNO ANDA MAL DAS PERNAS. Alguém precisa orientar urgentemente a
prefeita, precisa impedir que Márcia, no afã de acertar cometa equívocos como o
de confiar tão cegamente a ponto de falar em um grupo de WhatsApp, acerca de
negociações que são comuns ao meio político, mas que podem ser mal
interpretadas e causar estragos como o de hoje.
Sob
hipótese alguma, a prefeita teria que ficar dando satisfações a vereadores da
forma que foi feita. Evidentemente deve haver diálogo, mas o que parece é que
Marcia estava pressionada a atender os anseios de um grupo. Tanto que ela pede encarecidamente para eles deixarem o
administrativo trabalhar.
Por
fim, acredito que Márcia deve rever sua articulação política. A
gestora carece de condições para trabalhar. Os rumores de gente insatisfeita são
muito grandes e é normal que tenhamos as “viúvas” da campanha, mas o grande
volume de conversas evidencia que quem é responsável por auxiliar na
articulação está falhando e promovendo um desgaste desnecessário. Talvez seja
hora de mudar peças antes que o jogo desande.
Caco
Pereira
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