quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

ATÉ QUANDO?





Nessa quarta-feira (27) após postar link de uma matéria do Portal Primeiras Notícias, o jornalista Carlos Hierro foi criticado por alguns integrantes de um grupo do aplicativo WhatsApp. Trocas de ofensas aconteceram. Mas em determinado momento, um dos integrantes, partiu para ameaças e intimidação. Entenda o caso lendo a matéria no Primeiras Notícias.

O caso envolvendo o jornalista traz à memória um triste histórico do nosso Estado no que diz respeito a liberdade de imprensa. Alguns questionamentos cheios de tristeza e angústia me veem à mente.

Até quando teremos notícias acerca de ataques, ameaças, agressões, intimidações, ofensas, demissões injustas e até assassinatos de profissionais da imprensa? Até quando os coronéis, senhores da lei e sem lei, continuarão mandando e desmandando? Até quando eles permanecerão agindo como se fossem o que não lhes foi dado?

Em 2015 tivemos tiro no portão, tiro no carro, soco na cara, invasão, emissora de rádio incendiada, demissões “estranhas”, ameaças e até assassinato. O novo ano já começou com xingamento vil, intimidação e tom de ameaça ao colega Carlos Hierro. E repito a pergunta: ATÉ QUANDO?

Até quando o poder público vai agir morosamente? Até quando os “senhores do destino” permanecerão impunes, achando que têm o direito de continuar açoitando, intimidando, violando a liberdade, “tocando o terror”?

Até quando teremos notícias de colegas que foram demitidos de empresas de comunicação por terem ofendido algum “reizinho” egocêntrico que imagina ter outro rei na barriga e com isso, pensa ser uma espécie de deus?

Vivemos na imprensa paraibana sob regime de aflição e pavor. As “leis da mordaça e do medo” parecem imperar. Ao que se dá a entender, para muitos, “se não resolve com dinheiro, vamos ao cacete!”; Predomina a intolerância.

Será que essa “lei do medo” que mantém muitos – inclusive profissionais de imprensa - em silêncio, é na verdade “lei de Gerson” e alguém tem levado alguma vantagem nesse silêncio imperioso? Será que a consciência de muitos tem sido comprada a ponto de calar os ideais nobres da comunicação?

Minhas perguntas são sim eivadas de indignação. Não entendo porque em pouco menos de 24 horas se descobre quem matou determinada figura e em mais de um ano, nada de se conclui acerca da morte de Ivanildo. Afinal, somos ou não somos todos iguais? Ivanildo é menos importante? Sua família não merece respostas?

Hierro foi agredido “apenas” via celular. Será que esperarão que com ele ou com outro colega, as coisas tomem proporções maiores? Será que precisaremos de outro Ivanildo?

Acho que falta em nós enquanto imprensa um pouco mais de corporativismo. Não temos aquela identificação necessária como categoria. Parafraseando meu amigo Paulo Neto, diria que precisamos aprender com os advogados. Se você ataca um deles, toda a categoria parte para cima, até mesmo os inimigos do ofendido, saem em sua defesa, pois ali é a categoria sendo atacada. Eles movem céus e terras, mas defendem a categoria. E sinceramente, vi poucos saindo em defesa de Hierro. E de verdade, sei muito bem como ele se sentiu.

Creio que é momento de a API se pronunciar.  A categoria deve se unir. Chegou a hora da recém-criada Associação de Mídias Digitais (AMIDI) sair em defesa da classe. Essas associações têm o dever de se pronunciar. E desejo sinceramente, publicar notas advindas delas.

Se todos os profissionais de imprensa da Paraíba resolvessem protestar contra esses “senhores do destino”, contra seus desmandos. Se todos nós começássemos a cobrar providências, se tivéssemos coragem de arrancar as mordaças e falar sem medo ou apesar do medo, eles perceberiam O PODER QUE SOMOS.

Hoje minha pauta era outra. Mas a pauta do medo, da angústia, da tristeza, mudou meu caminho, tolheu a minha acidez política e me fez sentir novamente e amargo sabor do pânico, da incerteza sobre os próximos passos, da violação a primordial liberdade para um jornalista, a liberdade de pensar e expressar o pensamento.

Falemos e busquemos a paz resultante de uma necessária “guerra” contra os “senhores do destino”. Fujamos da paz sem voz, pois já disse o poeta: paz sem voz, não é paz, é medo!

Solidarizo-me com Carlos Hierro. Saiba meu irmão, que sua dor também é minha. Lembro bem que outrora, você foi um dos primeiros a ser amigo!





Caco Pereira




  

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